Biblioteca de Ferreira do Zêzere

Um espaço da biblioteca em que pretendemos oferecer notações diárias de situações, notícias, poemas, obras de arte, atenções diversas e principalmente links que nos pareçam interessantes e que possam dar uma informação e acesso fácil aos nossos visitantes. Esperamos poder vir a contar com a colaboração dos nossos utilizadores ou de todos os que na blogosfera nos entendam contactar.

Wednesday, August 24, 2005

Jorge Fernando edita dueto com Amália Rodrigues



O cantor Jorge Fernando festeja 30 anos de carreira com a publicação esta semana de um álbum onde pela primeira vez edita um dueto com Amália Rodrigues, que acompanhou, e realiza um espectáculo em Lisboa.

Segundo Jorge Fernando, Amália gravou o tema "Vida", em 1994, numa noite na sua casa no Brejão.

Para além da fadista, falecida a 06 de Outubro de 1999, o CD, que será editado com a chancela da Som Livre, inclui ainda duetos com Ana Moura, "Por um dia", Lúcio Dalla, "4 de Março de 43 (Minha História" e com Egherto Gismonti, "Memória e Fado", que titula o álbum.

"Memória e Fado" inclui 11 temas, entre eles "Mourrir pour toi" que Charles Aznavour compôs propositadamente para Amália e, entre os inéditos, refira-se "Zaffirade", "Caça" e "Horta", todos de sua autoria, letra e música.

O álbum conta ainda com a participação dos músicos William Galisom, André Dequech, Toninho Horta, Zeca Assumpção, Nivaldo Ornelas, Custódio Castelo, além de Gismonti.

Além de músico, compositor e poeta, Jorge Fernando é também intérprete e produtor discográfico.

Como cantor concorreu a dois Festivais RTP da Canção, em 1990 com "Rosas brancas para o meu amor" (7º classificado) e em 1992 com "Umbadá" (4º classificado).

Como produtor assinou, entre outros, o primeiro disco de fado de Mariza, "Fado em mim", que valeu à fadista o Prémio World Musioc/Europa da BBC Radio4 e o Prémio da Crítica alemã, e produziu o último duplo CD de Ana Moura, "Aconteceu".

Distinguido em Itália, pela Academia de Marco Poeta, com o Prémio Carreira em reconhecimento do seu talento como cantautor, produtor, instrumentista e impulsionador de novos talentos.

Em 1986 gravou o seu primeiro LP e em 1987 o seu primeiro disco de fados, "Boa noite solidão", onde colaboraram Fernando Maurício, Maria da Fé e José Manuel Barreto.

No ano seguinte, a Rádio Comercial, por votação do público, atribui-lhe o Prémio Popularidade.

Cheias na Europa



"A força destruidora das chuvas torrenciais que, nos últimos dias, têm fustigado a Europa Central não pára. Na localidade de Werthenstein, perto de Lucerna, na Suiça, a rua principal foi engolida pelo rio Emme, cujo leito foi pequeno para transportar a água da chuva.

Na capital Berna, perto de 300 pessoas tiveram que ser evacuadas de uma zona residencial devido às cheias. No entanto, as autoridades prevêem uma melhoria do estado do tempo para os próximos dias.

Diferente é a situação na Alemanha, onde não se espera qualquer desagravamento das condições meteorológicas. Algumas regiões da Baviera foram mesmo declaradas zonas de desastre.

Na região austríaca do Tirol, perto de 100 casas foram evacuadas depois do desabamento de uma ponte."


In:
http://www.portugaldiario.iol.pt/afotografia.php?id=574808

Bombeiros à espera nos quartéis enquanto o país está a arder



Associação afirma que «há bombeiros disponíveis à espera de serem chamados». MAI responsabiliza as autarquias «que devem disponibilizar os efectivos». Bombeiros acusam Protecção Civil de «má coordenação» porque há corporações do Norte a combater fogos no Centro e vice-versa.


"Enquanto os fogos lavram por todo o país, há bombeiros nos quartéis à espera de serem chamados para a frente de fogo, disse ao PortugalDiário Sérgio Carvalho, vice-presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP).

O responsável explica que «os sapadores e os bombeiros municipais são da responsabilidade das câmaras, e só podem sair dos quartéis quando chamados pela Protecção Civil e depois de terem autorização dos presidentes de câmara». Sérgio Carvalho dá o exemplo dos Sapadores de Lisboa que «só ontem [domingo] foram chamados para ir combater um fogo», enquanto há dias que viam pela televisão «o país a arder, pessoas a morrer, e bombeiros esgotados e sem meios». «Estamos disponíveis para ir ajudar, mas não podemos ir sem que nos mandem», afirmou.

Sérgio Carvalho afirma que «os sapadores só são chamados quando não há mais ninguém para chamar» e diz que «a coordenação de meios é dúbia». A explicação nem poderia ser o acréscimo de custos já que «os sapadores não cobram mais por irem para fora combater os fogos».

O responsável nem compreende que venham efectivos dos Açores. «Será que não há mais 25 bombeiros no continente?», questiona.

Para o responsável da ANBP «é inexplicável que se fale em falta de meios humanos quando há bombeiros disponíveis nos quartéis». E aponta números: «os responsáveis afirmam que há cerca de 40 mil bombeiros em Portugal. Se diariamente estão 2500 nas frentes de fogo, e mesmo que outros tantos estejam a descansar, onde estão os restantes?»

Em declarações à TSF, o presidente da Liga Portuguesa dos Bombeiros, Duarte Caldeira, afirmou que na época dos incêndios florestais, estão disponíveis cerca de 15 mil bombeiros dos 38400 voluntários inscritos. Para o responsável, os 61 por cento que não combatem as chamas são pessoas que apenas querem beneficiar do Estatuto Social do Bombeiro.

Este domingo, em declarações aos jornalistas, António Costa, ministro da Administração interna afirmou que «a maior carência actualmente no combate aos fogos são os meios humanos», e disse que «o efectivo está esticado até ao limite».

Contactado pelo PortugalDiário, o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) não quis comentar esta disparidade de posições, afirmou apenas que o ministro da Administração Interna já se tem pronunciado sobre a questão. Ao PortugalDiário, o Ministério da Administração Interna remeteu a responsabilidade para as autarquias, afirmando que «devem ser as câmaras a dizer se há bombeiros nos quartéis, e porquê, já que são elas as responsáveis por estas corporações».

O responsável da ANBP mostra ainda outras «falhas» na coordenação. «Os sapadores de Lisboa foram chamados para combater fogos em Viana do Castelo». O responsável realça que «os bombeiros atravessaram o país e fazer uma viagem desgastantes quando havia fogos a lavrar em Abrantes, Coimbra, localidades que ficavam muito mais próximas».

Segundo Sérgio Carvalho, o inverso também acontece, sendo que «há corporações do Norte no combate aos fogos do centro do país», o que demonstra «má organização».

Sobre esta situação, a SNBPC diz que «nem vale a pena comentar». Quanto ao MAI, afirma que «há um serviço nacional e um coordenador que concerteza está a coordenar o serviço com toda a competência», e não adianta mais nada, afirmando que «o ministério não reage a treinadores de bancada».

A ANBP afirma que «há anos» vem alertando para estas situações, e nada foi feito, e considera que, se esta situação não for resolvida, o panorama que se verificou este ano, voltará a repetir-se nos próximos anos.

A solução passaria pela «profissionalização dos corpos de bombeiros», e pela junção de todos na mesma tutela, o que eliminaria os processos burocráticos que atrasam a chamada dos sapadores e outras «falhas de coordenação».

Em Setembro, a ANBP vai entregar à tutela um relatório que «uma vez mais» denuncia estes e outros problemas."

In:
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=574398

Seis incêndios ainda por controlar



Seis incêndios estavam por controlar às 09h45 de quarta-feira em três distritos de Portugal continental que envolviam 1.386 bombeiros em acções de combate, rescaldo e vigilância.

O incêndio que às 9h45 mais meios mobilizava era o que deflagrou domingo à tarde em São Furtuoso, concelho e distrito de Coimbra, e que estava a ser combatido por 427 bombeiros, apoiados por três meios aéreos, dois deles resultado do pedido de ajuda internacional. Este fogo já se estendeu ao concelho de Penela.

No distrito de Viseu existiam ainda mais três fogos por controlar, dois no concelho de S. Pedro do Sul e outro em Vouzela, na localidade de Mogueirães, onde estavam 59 bombeiros.

Em S. Pedro do Sul os fogos situavam-se em Macieira e Boavista e estavam a ser combatidos por 67 e 35 bombeiros, respectivamente.

O outro incêndio por controlar era em Cerquido, concelho de Ponte de Lima (distrito de Viana do Castelo), com 10 bombeiros no terreno.

Além dos bombeiros, estão no terreno em acções de rescaldo e vigilância, 600 efectivos de 25 pelotões militares.

Os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Santarém e Faro estão hoje em risco «máximo» de incêndios na escala do Instituto de Meteorologia, que prevê risco «muito elevado» para Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria, Lisboa, Setúbal, Évora.

Saturday, August 20, 2005

'Código' ataca todos os dias




"Todos os dias tropeço num novo trabalho sobre O Código Da Vinci, de Dan Brown. Falo só daqueles livros que são publicados em Itália, pois fornecer uma bibliografia de tudo o que apareceu sobre o assunto no mercado mundial estaria muito além das minhas possibilidades.

Os títulos recentes que vi incluem Verdade e Ficção em O Código Da Vinci, de Bart Ehrman, Descodificando o Código Da Vinci, de Darrell L. Bock, e Segredos do Código, de Dan Burstein, além de alguns esforços produzidos lo- calmente. E há muito mais além disto.

Se, no entanto, quisermos informação actualizada sobre todos os artigos que versam este tópico, podemos tentar visitar o sítio da Opus Dei na Internet. Pode-se confiar nele, mesmo se se for ateu. A verdadeira questão, como veremos, é porque é que o mundo católico está a envidar os maiores esforços para demolir o livro de Dan Brown. Mas uma coisa é certa quando os escritores católicos dizem que toda a informação nele contida é falsa, podemos confiar na palavra deles.

Deixemos uma coisa clara. O Código Da Vinci é um romance e como tal o autor tem o direito de inventar tanto quanto quiser. O livro está particularmente bem escrito e consegue-se ler num fôlego. Nem há nada de grave no facto de Brown começar por nos dizer que aquilo que está prestes a contar- -nos são factos históricos.

O leitor profissional está acostumado a estes apelos narrativos à verdade; faz parte do jogo da ficção. O problema começa quando nos apercebemos de que um grande número de leitores ocasionais acredita verdadeiramente nessa declaração, da mesma forma que os espectadores dos teatros de fantoches tradicionais sicilianos insultam o pérfido traidor Gano di Maganza.

Para desmontar a alegada veracidade histórica do Código não é preciso muito. Tudo o que é preciso é um artigo relativamente curto (e foram escritas peças excelentes sobre este assunto) que salienta duas coisas a primeira é que toda a história acerca do casamento de Jesus com Maria Madalena, a viagem dele para França, a fundação da dinastia merovíngia e do Priorado de Sião são tudo lérias que circulam há décadas numa pletora de livros e brochuras escritos por devotos das ciências ocultas (desde o livro de Sedes sobre Rennes-le-Château até a O Cálice Sagrado, de Baigent, Leigh e Lincoln).

O facto de todo esse material conter uma longa série de inverosimilhanças já foi salientado e demonstrado há bastante tempo. Além disso, parece que Baigent, Leigh e Lincoln ameaçaram pôr (ou puseram mesmo) um processo judicial contra Brown, acusando-o de plágio.

Se eu escrever uma biografia de Napoleão (relatando acontecimentos reais), não posso processar alguém que tenha escrito outra biografia de Napoleão - mesmo que com pormenores inventados - que contenha os mesmos acontecimentos históricos. Se o fizer, então estou a queixar-me do roubo da minha ultra-original mas ficcional criação (ou fantasia, ou história ou o que quer que seja).

A segunda coisa é que o livro de Brown está pejado de erros históricos, como o de ir procurar informações sobre Jesus (alegadamente censuradas pela Igreja) nos pergaminhos do Mar Morto - que não falam nunca sobre Jesus mas antes sobre assuntos judeus como por exemplo a seita conhecida como os Essenes. O facto é que Brown confundiu os pergaminhos do Mar Morto com os de Nag Hammadi.

Acontece também que, para atingir o número de páginas suficiente para fazer um livro, a maioria das obras que aparecem sobre o fenómeno Dan Brown, especialmente as bem escritas, fazem uma lista de todas as coisas que ele plagiou, até ao mais ínfimo pormenor.

E assim, num certo sentido perverso, apesar de esses livros terem sido escritos para desmascarar falsidades, contribuem, no entanto, para a actual circulação de todo esse material oculto. Consequentemente (se aceitarmos a ideia interessante - que foi, na realidade, sugerida -, O Código é uma conspiração satânica), cada refutação daquele reproduz e amplifica as insinuações que ele contém. No que respeita a conspirações, temos de concordar que esta é uma das boas. Porque será que, mesmo quando O Código é refutado, continua a reproduzir-se?

Porque as pessoas têm sede de mistérios (e conspirações) e assim tudo o que é necessário fazer é oferecer-lhes um. E mesmo quando se lhes diz que foi tudo cozinhado por uma parelha de conspiradores, a tendência das pessoas é acreditarem de imediato.

Penso que é isto que está a preocupar a Igreja. A crença no Código (e noutro Jesus) é um sintoma de "descristianização". Quando as pessoas deixam de acreditar em Deus, como costumava dizer Chesterton, não é que já não acreditem em nada, acreditam é em tudo. Até nos meios de comunicação.

Sei que estou a penas a dar voz a uma impressão, mas, quando uma imensa multidão estava na Praça de São Pedro à espera da notícia da morte de João Paulo II, fui surpreendido pela visão de um jovem de QI duvidoso. Com o telemóvel colado a um ouvido e ostentando um grande sorriso, acenava alegremente para a câmara de televisão. Porque é que ele estava ali? (E porque é que havia tantos outros como ele, enquanto talvez milhões de verdadeiros crentes estavam sentados nas suas casas a rezar?)

Enquanto esperava um acontecimento sobrenatural inspirado nos media, não estaria ele preparado para acreditar que Jesus casou com Maria Madalena e estava ligado por um qualquer laço dinástico místico ao Priorado de Sião e a Jean Cocteau?"

Umberto Eco

In, Diário de Notícias - secção Opinião - 20 Agosto 2005

BIENAL DE CERVEIRA: DE 20 DE AGOSTO A 17 DE SETEMBRO


Ana Vidigal
Sem titulo
Técnica: lápis e colagem sem papel
Dimensão: 60x75cm


Outra obra premiada em edições anteriores e exposta no Museu de Arte Contemporânea da Bienal de Cerveira.

BIENAL DE CERVEIRA: DE 20 DE AGOSTO A 17 DE SETEMBRO



Ana Pimentel
Uma janela aberta para o horizonte
Técnica: mista sem tela
Dimensão: 180x180cm



Uma das obras premiadas em edições anteriores e expostas no Museu de Arte Contemporânea da Bienal de Cerveira.

BIENAL DE CERVEIRA: DE 20 DE AGOSTO A 17 DE SETEMBRO

Ciente do papel que lhe cabe como agente de desenvolvimento cultural numa área periférica como a do Alto Minho, a XIII Edição da Bienal Internacional de Arte de Cerveira particulariza-se, este ano, pela polarização da região do Vale do Minho e transfronteiriça, com a participação dos Municípios aqui sedeados, alargando assim a oferta cultural e turística, num plano conjunto de promoção e divulgação das qualidades geográficas, naturais e históricas, pouco conhecidas internacionalmente.

A Bienal Internacional de Arte de Cerveira procurou, no programa desta edição, privilegiar exposições de índole educativa, tendo sido seleccionados, como convidados, designers cuja carreira marcaram a história da comunicação em Portugal.

"O meu primeiro romance é leve mas não será 'light'"


por, Leonor Figueiredo


Poeta e autor de livros para crianças, o ex-jornalista e actual professor universitário de Sociologia publica o primeiro romance, "O Senhor das Surpresas Desagradáveis"

"A badana deste primeiro romance diz que o autor é casado, pai de filhos e "faz o que pode para ser feliz e ajudar a construir um mundo melhor". É este o objectivo do escritor, do homem?

Ambos são uma multiplicidade de identidades. Eu, como qualquer outro actor social, tenho de me ver assim. Sou deformado em sociologia.

E "deformado" em jornalismo.

Sobretudo no ofício da escrita.

O hábito adquirido ao longo dos 20 anos de jornalismo, de observar as pessoas, deu-lhe matéria-prima?

Nunca desapareceu. Estou no restaurante, mas a ouvir o que dizem ao lado. Sou um observador infatigável. Isso tem a ver com o jornalismo. A minha formação é multidisciplinar. O jornalismo tem um papel essencial na escrita simples, a atenção à actualidade. O próximo romance deixa isso muito à mostra.

Vai no seu 14.º título. Porquê só agora o romance?

Vou ser franco. Em primeiro lugar achei que não era capaz de fazer um romance. Porque um jornalista conta uma história em três linhas, faz o lead e está lá tudo. Como é que depois se consegue transformar isso em 200 páginas?

Era desejo antigo, anterior à poesia?

Era. Eu escrevo poesia e prosa ao lado. Ia escrevendo contos para crianças, mas a ideia do romance estava lá.

Como se deu o clique?

Com a maturidade. Tinha disponibilidade intelectual, algum tempo e, sobretudo, estava na altura. A poesia já não me faz correr. Neste momento só estou interessado no romance. A poesia tem a ver com a paixão, o romance com a reflexão. Neste momento quero passar a percepção da reflexão. O romance é excelente para isso.

Houve desafio com o sucesso de certos autores? Ou foi um processo interior?

Um dia disse vou escrever um romance para ver o que acontece. E saiu. Não vejo relação com a literatura light, que de resto não leio porque não tenho disponibilidade. Pela minha profissão, sou obrigado a investir em leituras técnicas. Sou selectivo, não gosto de surpresas desagradáveis na leitura. Reconheço que o fenómeno existe e interrogo-me sobre se o meu romance será light.

O termo "leve" é usado na apresentação do livro.

É leve mas não é light. O leve aqui é assumido em virtude da escrita. Escrevo para o leitor de forma acessível. Não é uma escrita barroca, de termos difíceis.

É uma história sobre a sua geração.

Assumo o livro como a crónica de uma geração. Como olhamos o mundo e encaramos os afectos.

Este é também um romance sobre o amor e as coisas não ditas.

Escrevo sempre sobre o amor. O que me interessa é o amor.

Entra muito na psicologia feminina.

Eu não sou um macho, nunca fui, não quero ser. Assumo claramente a minha parte feminina. Tenho pelas mulheres a maior das admirações. São fantásticas.

O segundo romance é sobre isso?

Também é uma história de amor, em que os personagens vivem o enquadramento político. Os personagens são internacionais e podia ter-se passado em qualquer sítio.

É "global"?

Procura ser. Evidentemente, tem uma perspectiva da cidadania que me é crucial. Estamos todos obrigados a ser cidadãos de facto. Agir para melhorar o mundo.

E outros contos infantis, mais poesia?

Em Outubro devem sair dois livros para crianças e um romance. Há outro para crianças, de mais fôlego, Três na Toca do Lobo, e um livro de poesia, mas está para o fim. A poesia não vende. E um outro livro, Era Uma Vez o Teu Corpo, de poesia, que é para ser ilustrado com fotos do Alfredo Cunha, que é preguiçoso, está na mão dele há um ano. Até hoje.

O que pretende com os livros infantis? Contar mais uma história?

Não escrevo livros para as crianças, não acredito que elas leiam. Escrevo para os pais lerem às crianças. Aposto no diálogo e na comunicação. Dar--lhes instrumentos para conviver, oportunidades para a interacção, etc. Não há intenção de veicular uma moral, mas valores.

É justo que, com tantos livros publicados, continuem a chamar-lhe o autor de O Areias é Um Camelo?

Antes das histórias infantis comecei a fazer canções para crianças. O Areias é um acidente de percurso. Se eu fosse americano teria ficado rico. O Areias transformou-se num fenómeno nos anos 80."



In, Diário de Notícias - Secção Artes - 20 Agosto 2005

Visita de um príncipe polaco ao Portugal de 1842


Crítica - Livros


"Há pouco mais de centena e meia de anos o príncipe polaco Felix Lichnowsky decidiu vir conhecer o nosso país. Dessa expedição alegadamente turística resultou um relato escrito na primeira pessoa e repleto de pormenores que reflectiam a sua visão do mundo, intitulado Portugal Recordações do Ano 1842, onde escreve assim "Os poucos livros que folheei antes da minha vinda a Portugal e durante os primeiros tempos de residência neste país tinham-me feito nascer um vivo desejo de ver algumas províncias; e era induzido a isso particularmente pela circunstância de que, em virtude de todas as descrições, aquela jornada devia oferecer muitos pontos de semelhança com um dos períodos mais animados da minha vida passada."

Essas recordações estendem-se ao longo de 273 páginas deste volume, recentemente editado pela Frenesi e ao qual se acrescentam algumas folhas com notas e um artigo da altura com o título "Portugal. Lisboa", publicado no Magasin Universel de 1934, num estilo entre o epistolar, a tentativa de efectuar um retrato de época e o levantamento histórico e biográfico.

Como que a colaborar com o estilo bastante descritivo do autor deste longo e interessante texto, a edição conta ainda com a reprodução de várias ilustrações executadas pelo "Rei Artista" D. Fernando - marido da Rainha D. Maria II -, que reinava na altura em que o príncipe polaco aqui esteve, e que complementam na perfeição alguns dos comentários sobre a realidade cultural do País.

Além da capacidade de fazer uma fotografia bastante focada do Portugal de 1842, Felix Lichnowsky consegue executá-la para a posteridade sem ficar datada pelo espírito de 1800 e desfasada em leituras futuras, como a que se pode fazer neste ano de 2005. São exemplo disso as análises feitas sobre as personalidades da sociedade e vida política de então que o visitante não dispensa de descrever, mas justifica e salvaguarda sempre que o seu desconhecimento exacto do passado e da carência de fontes sobre elas poderá deixar alguma marca defeituosa no retrato. E assim vai dizendo enquanto prodigaliza o desenrolar do livro com várias biografias de protagonistas desse Portugal, tal como Costa Cabral, o duque da Terceira e mais nobreza e Suas Majestades, entre outros.

Mas não permanece o desenrolar da escrita apenas no campo da biografia, antes vai muito do esforço do escritor e do seu enfoque literário para o dia-a-dia dos cidadãos e para as fabulosas descrições geográficas e urbanas do que vai conhecendo ao longo do tempo em que aqui permanece.

Logo de início, a descrição da sua viagem marítima até à capital portuguesa e a consequente entrada no rio Tejo são de antologia e um dos melhores textos para quem desejar fixar em definitivo a descoberta de Lisboa, que faz lembrar a de outro escritor - Henry Fielding .

Em seguida, a inevitável ida à romântica e byroniana Sintra, a Tróia, a Palmela, à Batalha, à Figueira da Foz, bem como a vários outros destinos, surge-nos com o mesmo vigor e serve de paralelo se desejarmos comparar o País daquele tempo com o que se conhece hoje. Imperdíveis são ainda os muitos parágrafos ocupados com as descrições dos momentos passados com a família real, com quem privou o suficiente para os descrever.


In: Diário de Notícias - secção Artes - 20 Agosto 2005

Livro de Paulo Coelho sai em edição limitada



"Habituado a vender milhões de exemplares dos seus livros em todo o mundo, o escritor brasileiro Paulo Coelho acaba de lançar uma obra estranha Caminhos Revividos chega ao mercado com uma tiragem de apenas 240 exemplares.

Mas esta não é a única particularidade do livro. Caminhos Revividos é composto por fac-símiles de trechos manuscritos de vários livros de Paulo Coelho, seleccionados pelo próprio autor, e ilustrações realizadas pela sua mulher, Christina Oiticica, com técnicas diversas a partir de uma única fotografia dos pés do escritor caminhando sobre as muralhas de Nanking, na China. "A partir desta imagem reuni referências e símbolos marcantes da minha trajectória, do meu caminhar, como orações populares da Igreja católica e textos e ideogramas em chinês. E também signos do feminino boca, leque, coração, renda" - explicou a artista ao Jornal do Brasil. As 40 ilustrações são soltas e podem ser emolduradas. Há páginas com quase 20 cores diferentes e cada uma foi impressa isoladamente, utilizando a cromolitografia, técnica serigráfica de separação de cores anterior ao offset.

Por este motivo, a impressão de Caminhos Revividos foi uma aventura que demorou três anos. A obra foi impressa numa velha máquina litográfica Marinoni do século XIX. "Enquanto uma máquina moderna tira 75 mil folhas por hora, a Marinoni imprime apenas mil por dia", explicou a O Globo Guilherme Rodrigues, da Lithos Edições de Arte. Há 30 anos que a Lithos lança livros em edições limitadas, juntando mestres da literatura e das artes plásticas, por exemplo Jorge Amado e Caybé, Manoel de Barros e Siron Franco, Carlos Drummond de Andrade e Enrico Bianco.

Caminhos Revividos foi impresso em serigrafia sobre papel Rives Tradittion de 250 gramas, no formato 35 por 50 centímetros, acondicionado em caixa, forrada em tecido e confeccionada a mão. Os autores assinaram os 240 exemplares numerados, que serão vendidos por mais de três mil euros.

Nascido em 1947, no Rio de Janeiro, Paulo Coelho já vendeu mais de 65 milhões de exemplares dos 16 títulos que editou - em 56 línguas e 150 países. Só O Alquimista, lançado em 1988, vendeu 1,65 milhão em seis anos. Em média, 23 mil exemplares vendidos por mês. Onze Minutos foi o livro mais vendido do mundo em 2003, segundo a revista americana Publishing Trends, feito mais surpreendente se se considerar que o romance ainda não tinha sido lançado nos EUA, Japão e outros dez países, o que só aconteceria em 2004."


In, Diário de Notícias - secção Artes - 20 Agosto 2005

Wednesday, August 17, 2005

Seis aldeias ameaçadas pela chamas foram evacuadas




Centenas de pessoas foram retiradas das aldeias de Paredes, Coêdo, Escariz, Benagouro e Vilarinho, concelho de Vila Real, devido a um incêndio que lavra na serra do Alvão desde segunda-feira.

A povoação de Sobral Valado, em Pampilhosa da Serra, foi também evacuada hoje após um reacendimento do incêndio que lavra no concelho há quatro dias. As autoridades retiraram da aldeia entre 20 e 30 habitantes, deslocados depois para local seguro.

O representante do Governo no distrito de Coimbra deverá fazer, ainda hoje, um balanço da situação em Sobral Valado e no resto do concelho, onde as chamas tinham destruído pelo menos 20 mil hectares de floresta até terça-feira, às 20:00, hora a que foi accionado o Plano Especial de Emergência Distrital.

O ministro da Administração, António Costa, deslocou-se hoje de manhã a Pampilhosa da Serra, para acompanhar o combate ao fogo, recolher informações e analisar a situação com o governador civil e o presidente da Câmara Municipal.

Chamas na Pampilhosa de novo fora de controlo




Nove incêndios estavam por circunscrever às 16:30 de hoje, com as chamas no concelho de Pampilhosa da Serra de novo fora de controlo, segundo um balanço do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).

O incêndio que lavra há quatro dias em Pampilhosa da Serra (Coimbra) chegou a estar circunscrito ao início da tarde, mas as chamas estavam às 16:30 novamente sem controlo no lugar de Casal da Lapa. No local encontravam-se 317 bombeiros, auxiliados por 27 viaturas e nove aeronaves.

Taizé: Irmão Roger e a importância da comunhão





O irmão Roger decidiu criar a comunidade, onde vivem e trabalham cerca de uma centena de católicos e de confissões evangélicas, procurando prestar auxílio aos pobres em diversas missões pelo mundo, rezando em conjunto e reflectindo sobre a vida cristã.

A comunidade de Taizé foi fundada em 1940, procura ser um sinal concreto de reconciliação entre os cristãos divididos e os povos separados, segundo os princípios religiosos, e prepara anualmente um encontro de jovens numa grande cidade europeia.

Actualmente, a comunidade tem cerca de 100 irmãos, de mais de 25 países, que se comprometem na partilha dos bens materiais e espirituais, no celibato e numa vida de simplicidade.

Em 1988, o irmão Roger recebeu o prémio da educação para a paz, atribuído pela Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (UNESCO).

Fundador da Comunidade de Taizé assassinado




O irmão Roger, fundador da Comunidade Ecuménica de Taizé, foi assassinado na noite desta terça-feira durante uma jornada de oração.

Foi durante a oração da tarde que o irmão Roger, de 90 anos, foi atacado e não resistiu aos ferimentos.

Entre os jovens de todo o mundo que estavam no local encontrava-se também António José Monteiro, um dos 150 portugueses que participava na oração, na altura do incidente.

António Monteiro descreveu o que se passou: a oração estava a começar, na igreja estavam cerca de 2500 jovens sentados no chão e os irmãos sentados no meio da igreja, estando o irmão Roger, como habitualmente, rodeado por crianças pequenas.

«Uma jovem aproximou-se dele e pensámos que era uma dessas crianças, porque é hábito ele mandá-los calar ou dizer-lhes qualquer coisa. Ela abraça o irmão Roger por trás, como para lhe dizer qualquer coisa ao ouvido. De repente, dá um grito e toda a gente entra em pânico. E dizem os que estavam de frente que viram sangue a jorrar. Ela terá golpeado o irmão Roger no pescoço», conta António Monteiro.

O irmão Roger foi levado para a sacristia e a rapariga agarrada. A notícia chegou pouco depois: o religioso não resistiu ao ataque e faleceu.

Uma romena de 36 anos, presumível autora da agressão contra o irmão Roger, foi detida e colocada sob custódia policial.


Antes de ser detida, a mulher apunhalou o fundador da comunidade Taizé com três golpes nas costas durante a oração da noite na igreja da Reconciliação.


O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Jorge Ortiga, lamenta a morte do irmão Roger. Para o bispo português, o religioso e a comunidade que fundou - a Comunidade Ecuménica de Taizé - tiveram um papel essencial na aproximação dos jovens a Deus. D. Jorge Ortiga recorda que o irmão Roger «deu a vida, deu a sua vida pela juventude» e que a «sua morte será mais um alento para que a juventude se aproxime de Deus».

Tuesday, August 09, 2005